tiaemptylidiane

sábado, 4 de maio de 2013

Vencendo os erros





Use os equívocos identificados nas atividades para ajudar o aluno a superar barreiras e seguir aprendendo


Ninguém tem dúvida de que ensinar o que é correto está na raiz da profissão docente. Com base nessa concepção, por muitos anos se pensou que era papel do professor identificar os erros e puni-los. Prova disso é o próprio sistema de avaliação que se desenvolveu. Os estudantes são testados sistematicamente, muitas vezes recebendo notas baixas e, em casos extremos, sendo retidos no mesmo ano letivo. Afinal, aluno bom é só o que acerta.
Teorias desenvolvidas ao longo do século 20 vieram mostrar que a história não é bem essa e que o errado é quem pensa assim. Beira o impossível aprender algo sem antes cometer equívocos. Eles fazem parte da aprendizagem: são obstáculos que as crianças ultrapassam quando estão em busca do conhecimento. "Muitos professores não compreendem que as respostas dadas por elas (mesmo que distantes do padrão apontado pela ciência) têm explicações lógicas e evidenciam avanços significativos", afirma Evelyse dos Santos Lemos, pesquisadora do Ensino de Ciências e Biologia da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro.
Ver o erro como um indicador do raciocínio do estudante possibilita criar situações que o levem a pôr as ideias inadequadas em xeque. É preciso analisar as incoerências, categorizá-las e problematizá-las (leia exemplos de atividades nas páginas seguintes). A chave é levar todos a pensar sobre o que não sabem e, com isso, aproximá-los do conhecimento esperado para o nível em que estão. Um olhar atento é fundamental para entender os erros, que são de diferentes tipos. 
- Construtivo É o que demonstra as hipóteses do aluno acerca de qualquer conhecimento (matemático, linguístico, científico, histórico, geográfico ou artístico) naquele momento. É um dos mais comuns e importantes do ponto de vista pedagógico, já que permite colher informações riquíssimas sobre as aprendizagens, dando origem a novas estratégias de ensino. Os estudos desenvolvidos na área de alfabetização pelas argentinas Emilia Ferreiro e Ana Teberosky ajudam a explicá-lo. Depois de analisar as ideias dos pequenos sobre as características do sistema alfabético, as pesquisadoras conseguiram agrupá-las em cinco níveis. Com isso, o que antes era visto como erro de escrita passou a ser encarado como parte do processo de aprendizagem. Cada um desses patamares demonstra uma série de saberes adquiridos e exige intervenções específicas.

- Conceitual Reflete a não-compreensão de determinado conceito ensinado. Se a criança não entendeu o que aquela ideia quer dizer, não consegue responder à pergunta. Nesse caso, não tem jeito: é preciso dar um passo para trás e retomar o tema.

- De distração Ocorre quando o aluno possui a estrutura cognitiva necessária para a compreensão de um fenômeno e já se mostrou capaz disso, mas deixa de dar a resposta correta. Nesse caso, basta apontar para ele a falta de atenção e pedir um cuidado maior na realização das atividades. 
- Pelo uso de uma lógica diferente da proposta pelo professor Acontece quando a criança lança mão de meios cognitivos alternativos para resolver uma questão. Mesmo que a resposta esteja correta, o que está em jogo nesse caso é a aprendizagem da estratégia. Por isso, é importante valorizar o método usado deixando clara a necessidade de empregar o procedimento específico.
Outros equívocos dos alunos permitem identificar problemas relativos ao ensino ou ao desafio apresentado em sala. Eles podem ser de dois tipos. 
- Provocado pela pergunta Resultado da falta de compreensão sobre um termo ou conceito do enunciado ou da questão em si por estar mal formulada. O caminho, aqui, é propor novas atividades para deixar claro o que está sendo pedido. 
- Suscitado pela falta de conhecimento didático do professor Facilmente identificável quando a maioria dos estudantes apresenta respostas que indicam a não-compreensão do tema trabalhado em sala. Adotar outra forma de ensinar o conteúdo é fundamental em momentos como esse.

Anderson Moço


 

São tantos na classe, mas cada um é um

Por trás de cada olhar que nos recebe no início do ano, há alguém singular em seu potencial. Por isso, toda turma é heterogênea 

Começamos o ano planejando o trabalho com cada turma, tendo por base a expectativa média sobre maturidade, habilidades e conhecimentos anteriores dos futuros estudantes. No entanto, o previsto será continuamente reformulado porque o aluno médio é uma abstração que raras vezes corresponde à variedade encontrada nas salas de aula. Por isso, é melhor nos prepararmos para turmas heterogêneas, em lugar de as lamentarmos. Levar em conta sua diversidade é condição para poder ensinar.


Diferenças logo percebidas - de estatura, tom de voz e modo de vestir - são pouco significativas se comparadas com as de personalidade, história de vida e propensões, que só se revelam em um convívio significativo e não cabem em classificações gerais, como condição social e inteligência. Um garoto que demore para resolver uma questão por considerar mais elementos e possibilidades não deve ser visto como inferior a outro que logo apresenta uma resposta direta.

São muitos os casos de julgamentos equivocados, até de crianças que a escola avalia possuir algum tipo de deficiência intelectual e que, mais tarde, se revelam geniais. Aliás, é preciso mais do que valorizar a inteligência, pois jovens brilhantes também podem se prejudicar por problemas de relacionamento. Se a escola for atenta a cada ser humano - que pode se revelar mais ou menos sociável, curioso, introspectivo ou irreverente -, consegue desenvolver as potencialidades de cada um para sua realização pessoal e também em benefício dos colegas, fazendo assim da heterogeneidade uma vantagem, e não um peso.


Não existe uma forma única de promover o convívio significativo, que se baseia no respeito aos diferentes ritmos e no reconhecimento de características individuais. Uma coisa é lidar com uma pequena turma de crianças, outra é fazer isso com adolescentes. Para o professor do 1° ao 5° ano, que tem uma ou duas turmas, já é difícil orientar uma criança perplexa diante de tarefa ainda não entendida e ao mesmo tempo compreender a impaciência de outra que se apressa em mostrar o trabalho concluído.

Para o especialista, o desafio se amplia. Com mais de 40 estudantes em cada uma de suas várias classes, ele não tem como prestar um atendimento individual. Se você está nessa situação e quer saber se só passará conteúdos ou se contribuirá para o desenvolvimento de cada um, sugiro um critério divertido: sempre que for possível se imaginar substituído por uma palestra gravada e supervisionada por um vigia, seu trabalho não valorizará a diversidade humana. Quando a expectativa é que os alunos apenas ouçam, copiem, entreguem lições individuais e façam provas, o resultado será notas e médias, ou seja, números. É possível fazer de outra forma? Acredito que sim e dou sugestões para quatro necessidades:

- Conhecer a condição inicial dos alunos. O diálogo, seguido de um questionário de recepção, orienta a condução de cada etapa da escolaridade.

- Respeitar os ritmos de aprendizado. Tarefas de classe e questões de prova com variados níveis de dificuldade promovem desempenhos sem gerar exclusão.

- Ensinar alunos a se expressar e participar. A integração deles em grupos de trabalho com tarefas coletivas funciona melhor que uma conversa individual.


- Garantir que se considerem as características e necessidades dos estudantes. Reflexões sobre cada um devem ser realizadas nos conselhos de classe.

Não é fácil para um professor implementar sozinho essas práticas, mas, quando um projeto pedagógico as propicia, é notável o engajamento da comunidade escolar para enfrentar o desafio de promover todos os alunos, em lugar de selecionar alguns. O trabalho passa a fazer mais sentido e o esforço vale a pena.

Luis Carlos Menezes 

Fonte: Revista Nova Escola

10 dicas para manter a saúde do professor


Você sabe que precisa falar por horas seguidas e pode ser exposto a situações de estresse para dar aulas. Além disso, por falta de orientação, não é raro o hábito de repetir movimentos de forma errada. Evitar desgastes é um desafio para o professor. Não é uma tarefa fácil. No entanto, há formas de diminuir os problemas. É possível manter a saúde e melhorar o desempenho seguindo algumas dicas. 
 
Cuidados com a coluna a e o corpo em pé. Qual é a melhor postura?
Crie o hábito de vigiar a maneira como o corpo fica ao longo do dia e tente se lembrar de boas práticas. Reveze os momentos em pé e sentado. Quando estiver em pé, mantenha os joelhos levemente flexionados para não forçar as articulações. Procure usar roupas e sapatos confortáveis. Roupas largas ajudam a circulação do sangue e na mobilidade.

Cuidados com a coluna. Qual é a melhor postura?Se for necessário agachar, flexione joelhos, não curve a coluna e mantenha os pés afastados e voltados para frente. Dessa forma é mais fácil manter o equilíbrio
.
Qual a melhor postura no uso do computador?
Procure ficar alinhado. Deixe o monitor na altura dos olhos, quadril próximo do encosto, antebraços apoiados e cotovelos posicionados na altura da mesa. Como opção, é válido usar almofadas no assento para ajustes e usar apoio para os pés.

Como preservar a voz?
Diminua ruídos externos que podem forçar o aumento do volume da sua voz. Feche portas e janelas desnecessariamente abertas, por exemplo.

Como preservar a voz?
Para hidratar as cordas vocais, tome bastante água. Especialistas pedem moderação no uso de pastilhas. Alguns tipos podem prejudicar o desempenho vocal.

Faça atividades físicas
Reservar um tempo para praticar atividades físicas durante a semana é valioso. Caminhar 30 minutos por dia, por exemplo, pode trazer grandes benefícios no combate à obesidade, melhorar o humor e evitar doenças cardiovasculares.

Mantenha hobbies como ouvir musica e ler livros
Mesmo com uma rotina atribulada, reserve um tempo para fazer atividades que deem prazer. Alguns hobbies como ler ou ouvir música podem ser relaxantes e ajudam no exercício da profissão. Essas medidas também contribuem na prevenção de problemas psicológicos.

Como diminuir o estresse?
Repensar o planejamento da aula pode facilitar no controle disciplinar da turma e diminuir desgastes. Proporcionar um ambiente mais democrático, por exemplo, pode atrair a confiança dos alunos. Aproveite os momentos de troca de informações com outros professores para dosar o nível de preocupações. Invista em proporcionar boas relações no ambiente escolar.

Procure ajuda especializada para diferenciar depressão de outros problemas psicológicos
Uma pesquisa do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) de 2012 revela que 40% dos docentes afastados por problemas de saúde tiveram algum tipo de transtorno psiquiátrico, principalmente depressão e ansiedade. Procurar auxílio de um especialista antes do afastamento, quando os sintomas ainda estão no começo, pode ser determinante para combater a doença.

Como evitar alergias com giz
O giz ainda é utilizado em algumas salas de aula. Seu material cáustico pode ser a causa ou o agravante de dermatites de contato, além de facilitar alergias respiratórias, rinites e crises de tosse. Procure usar outros recursos quando possível. Para diminuir os problemas decorrentes do uso de giz, utilize hidratantes nas mãos e beba bastante água.






 


Capa das avaliações mensais


Por que brincar é importante para as crianças pequenas



Brincar é importante para os pequenos e disso você tem certeza. Mas por quê? Sem essa resposta, fica difícil desenvolver um bom trabalho com as turmas de creche e de pré-escola, não é mesmo? Se essa inquietação faz parte do seu dia a dia, sinta-se convidado a estudar o tema. Ele rende pano para manga desde muito, muito tempo atrás. "Os primeiros questionamentos sobre o brincar não estavam relacionados a jogos, brinquedos e brincadeiras, mas focavam a cultura", diz Clélia Cortez, formadora do Instituto Avisa Lá, em São Paulo.
No fim do século 19, o psicólogo e filósofo francês Henri Wallon (1879-1962), o biólogo suíço Jean Piaget (1896-1980) e o psicólogo bielo-russo Lev Vygotsky (1896-1934) buscavam compreender como os pequenos se relacionavam com o mundo e como produziam cultura.
Wallon foi o primeiro a quebrar os paradigmas da época ao dizer que a aprendizagem não depende apenas do ensino de conteúdos: para que ela ocorra, são necessários afeto e movimento também. Ele afirmava que é preciso ficar atento aos interesses dos pequenos e deixá-los se deslocar livremente para que façam descobertas. Levando em conta que as escolas davam muita importância à inteligência e ao desempenho, propôs que considerassem o ser humano de modo integral. Isso significa introduzir na rotina atividades diversificadas, como jogos. Preocupado com o caráter utilitarista do ensino, Wallon pontuou que a diversão deve ter fins em si mesma, possibilitando às crianças o despertar de capacidades, como a articulação com os colegas, sem preocupações didáticas.
Já Piaget, focado no que os pequenos pensam sobre tempo, espaço e movimento, estudou como diferem as características do brincar de acordo com as faixas etárias. Ele descobriu que, enquanto os menores fazem descobertas com experimentações e atividades repetitivas, os maiores lidam com o desafio de compreender o outro e traçar regras comuns para as brincadeiras.

As pesquisas de Vygotsky apontaram que a produção de cultura depende de processos interpessoais. Ou seja, não cabe apenas ao desenvolvimento de um indivíduo, mas às relações dentro de um grupo. Por isso, destacou a importância do professor como mediador e responsável por ampliar o repertório cultural das crianças. Consciente de que elas se comunicam pelo brincar, Vygotsky considerou uma intervenção positiva a apresentação de novas brincadeiras e de instrumentos para enriquecê-las. Ele afirmava que um importante papel da escola é desenvolver a autonomia da turma. E, para ele, esse processo depende de intervenções que coloquem elementos desafiadores nas atividades, possibilitando aos pequenos desenvolver essa habilidade.
Fonte: Revista Nova Escola