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terça-feira, 12 de julho de 2016

O perfil do mediador de conflitos na escola

Raissa Pascoal

Todos os profissionais de uma escola devem saber lidar com desavenças. No entanto, alguns se especializam nessa função. Conheça as principais características dos mediadores, responsáveis por tentar solucionar conflitos por meio do diálogo.

Quando se trata de relações humanas, é impossível que, vez ou outra, não se tenha conflitos. E a escola não escapa dessa lógica. Casos de indisciplina, violência e desentendimentos entre alunos podem ocorrer - e de fato ocorrem. Nesse contexto, muitas instituições criaram a figura do mediador, que pode ser um aluno, professor, gestor ou funcionário, capacitado para abrir um caminho de diálogo entre os envolvidos em um conflito para tentar solucioná-lo de forma pacífica.
O mediador deve passar por uma capacitação. Esse processo pode envolver cursos sobre prevenção da violência, ética e princípios de mediação feitos em instituições especializadas em mediação ou oferecidos pelo governo ou ONGs.
A escolha de quem assume o cargo varia de escola para escola ou de secretaria para secretaria. No entanto, é ideal que se priorize os voluntários. "Essa pessoa deve levantar a mão para fazer isso. Ela, geralmente, tem uma disposição interna para realizar esse trabalho", diz Celia Bernardes, psicóloga e coordenadora de projetos de capacitação do Instituto de Mediação Transformativa. "A pessoa que tem um determinado perfil, como ser um bom ouvinte, é a que, normalmente, acaba se identificando mais com a atividade", afirma.
Veja as principais características e habilidades de um bom mediador e com quais conceitos de mediação ele deve estar familiarizado.

Características de um bom mediador

Ser bom ouvinte
Antes de tudo, o mediador deve saber ouvir. "É importante que o mediador escute e entenda o que o outro diz. Não é buscar a verdade, mas tentar compreender, no discurso dos envolvidos, a leitura que cada um faz do que aconteceu", explica Catarina Iavelberg, assessora psicoeducacional e colunista de GESTÃO ESCOLAR. Para isso, ele deve saber devolver para o outro o que compreendeu e confirmar se isso está certo.
Ser capaz de estabelecer um diálogo
Um profissional que exerça a função de mediador deve ser capaz de conseguir criar um contexto de comunicação que facilite a expressão das pessoas envolvidas no conflito. Ele deve deixar as pessoas confortáveis para falar, sem que se sintam julgadas ou previamente apontadas como culpados.

Ser sociável
Em geral, um mediador de conflitos em uma escola tem facilidade de se aproximar dos membros da comunidade escolar, conquistando sua confiança.

Ser imparcial
Ainda que conhecer os envolvidos seja um bom aspecto, isso não pode interferir na imparcialidade do mediador. Por exemplo, quando ele é chamado para interceder num caso de um aluno que constantemente tem uma atitude inadequada, ele deve avaliar se está tomando partido de um dos lados previamente. "Se o mediador não souber separar, ele já vai pressupor que esse estudante é o culpado", diz Celia Bernardes.

Ter cuidado com as palavras
As palavras que o profissional usa para mediar um conflito também são importantes. Segundo a pedagoga Adriana Ramos, coordenadora do Grupo de Pesquisa em Educação Moral da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquisa Filho" (Unesp) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a linguagem descritiva, expondo todos os fatos sem juízo de valor, favorece que os envolvidos percebam o que está acontecendo e não julguem a personalidade do outro.

Ter uma postura educativa
Um mediador não deve adotar a postura de que resolverá o conflito. O papel dele é ajudar os alunos a compreenderem como eles podem resolver a situação por conta própria. "A escola tem de investir em um projeto educacional que preveja que os alunos, ao longo da escolaridade, sejam capazes de socializar e mediar os próprios conflitos", explica Catarina Iavelberg.

Trabalhar com o paradigma da responsabilização
Além de ter as habilidades já citadas e ser capacitado continuamente para exercer essa função dentro de uma escola, o mediador deve mudar seu paradigma de punição dos envolvidos para o de responsabilização. Isso significa que, em vez de aplicar uma sanção (como uma advertência, suspensão etc.), ele deve fazer com que os envolvidos assumam a responsabilidade por seus atos, corrigindo-os sempre que possível (pedido de desculpas, reforma de equipamento depredado etc.).

Fonte: Revista nova Escola

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