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terça-feira, 1 de maio de 2012

ORIENTAÇÕES PARA EDUCADORES E PAIS

Se a criança já foi diagnosticada como portador de TDA/H, o professor deve ser avisado. Se não, o professor deve possuir conhecimento sobre hiperatividade e conhecer as características de TDA/H para, com a observação em sala de aula, encaminhar essa criança para os profissionais qualificados fazerem o diagnóstico. Saber trabalhar com portadores de TDA/H tem como finalidade evitar as conseqüências do insucesso escolar e os transtornos futuros.
Segundo Vitor da Fonseca (1995), não se deve ignorar certas questões da aprendizagem, pois pode ocorrer a subvalorização de certos sinais de riscos educacionais e conseqüentemente adiar a sua solução. O insucesso escolar desencadeia problemas emocionais, levando a criança a perder a sua identidade, criatividade e a enfrentar problemas de adaptação social, além de diminuir a autoconfiança. Se esse espiral de conflitos não for resolvido o quanto antes, o resultado pode ser a delinquência ou outra predisposição sociopática e, o que é pior, repetências e evasões. As crianças com TDA/H exigem, em sala de aula, maior atenção do professor. Com uma ação pedagógica voltada para as necessidades especiais que elas apresentam é possível contornar muitos problemas de aprendizagem. Mas, para isso, o professor precisa conhecer o TDA/H, suas características, classificação e diagnóstico, identificar alunos portadores desse transtorno de aprendizagem e saber trabalhar com eles no contexto da escola.
Reforçar o relacionamento aluno-professor através de respeito mútuo e cooperação, tornando o relacionamento mais amoroso e amigável.
Segundo a Associação Brasileira de Déficit de Atenção os educadores são responsáveis por:
- Fornecer informações adequadas sobre o TDAH;
- Avaliar e monitorar periodicamente o nível de conhecimentos da família sobre o transtorno;
- Orientar a família em relação ao problema, atualizando constantemente as orientações, de acordo com o nível de desenvolvimento do paciente;
- Estar disponível para responder perguntas e esclarecer dúvidas;
- Auxiliar a família a estabelecer objetivos adequados, isto é, passíveis de serem alcançados, para o comportamento do paciente na vida diária;
- Proporcionar contato com outras famílias que também possuem membros portadores de realizar monitoração e acompanhamento constantes, incluindo dados obtidos dos pais, professores e da própria criança.
Para Barkley (2002) a orientação aos pais visa facilitar o convívio familiar, ajudar a entender o comportamento do portador de TDAH e ensinar técnicas para manejo dos sintomas e prevenção de futuros problemas. A orientação escolar visa facilitar o convívio de crianças com TDAH com colegas e evitar o desinteresse pela escola e pelos estudos, fato comum em portadores de TDAH. O desafio, entretanto,para que esta intervenção ocorra, é conseguira participação da escola no tratamento. Dentro da perspectiva de que o comportamento deve ser compreendido em relação ao contexto onde ocorre, e que seus determinantes e mantenedores dependem da relação estabelecida com o meio, o comportamento dos pais em relação ao problema da criança é fundamental. Entretanto, a orientação dos pais é um componente frequentemente incluído no atendimento de portadores do TDAH. As intervenções baseadas na família são consideradas eficientes para auxiliar inclusive no manejo de problemas associados ao TDAH, como depressão e ansiedade.
A orientação aos pais ou cuidadores de crianças com TDAH é um processo educativo.
È preciso ajudar a compreender e respeitar o tempo individual de cada pessoa durante a orientação.
A orientação e o aconselhamento de pais ou educadores visam facilitar o convívio familiar. Não apenas porque auxiliam na compreensão do comportamento do portador do TDAH, mas também porque incluem o ensino de técnicas para auxiliar no manejo dos sintomas e prevenção de problemas. Além da importância da comunicação, da estrutura familiar e do respeito ao tempo de cada criança neste processo de aprendizagem, há vários questionamentos sobre qual a melhor forma de lidar com tais características, mas receitas prontas não existem, pois cada caso e cada criança têm suas peculiaridades, entretanto, algumas dicas podem auxiliar pais e professores a lidar com as características citadas:

 Excesso de ordens


A criança tende a deixar de fazer inúmeras atividades devido ao déficit de atenção, por isso, pais ou educadores costumam sobrecarregá-la de ordens e instruções, para que finalizem as inúmeras atividades que não concluíram. Entretanto eles se esquecem que a criança tem uma dificuldade de concentração e isso faz com que, no final da instrução dada, não se lembre mais o que deveria, de fato ser feito.

 Ordens vagas


Ser específico e dizer para a criança exatamente o que se espera dela. Ordens vagas como “quero que se comporte como um bom menino”, não vai surtir efeito. Nesse caso ordens mais específicas como “durante a apresentação do filme, quero que permaneça sentado”, podem ter uma resposta mais apropriada por parte da criança.

 Ordens em tom de ameaça ou irritação


Pais e professores ao antecipar que a criança não entenderá suas ordens o fazem em tom de ameaça e irritação. Isso é inadequado porque gera na criança uma reação que também pode ser hostil, e irá gerar mais resistência no relacionamento professor e aluno.
Após discorrer sobre o que não é adequado ser feito, é necessário implementar algumas adequações curriculares, pois há uma grande probabilidade dela se perder e se distrair em atividades muito longas, então será muito útil dividir as tarefas em seqüências menores.

 Inovações


Aumentar as inovações, a estimulação nas tarefas, para que a criança tenha motivação para participar ativamente das aulas.

 Eliminar qualquer observação negativa a respeito da criança


Para evitar que a auto - estima da criança seja prejudicada é importante que o professor aumente a frequência de reforços positivos, ele poderá pontuar para a criança, para a família e para a escola os avanços dela, os pontos nos quais ela se destaca e assim aumentar a confiança que todos terão nela.

A perspectiva de que o comportamento deve ser compreendido em relação ao contexto onde ocorre, e que seus determinantes e mantenedores dependem da relação estabelecida com o meio, o comportamento dos pais em relação ao problema da criança é fundamental. Entretanto, a orientação dos pais é um componente frequentemente incluído no atendimento de portadores do TDAH. As intervenções baseadas na família são consideradas eficientes para auxiliar inclusive no manejo de problemas associados ao TDAH, como depressão e ansiedade.
A comunicação com o portador de TDAH deve ser clara, franca e direta. Além da importância da comunicação, da estrutura familiar e do respeito ao tempo de cada criança neste processo de aprendizagem.
O ensino de habilidades deve priorizar como meta, um comportamento específico por vez. Assim que uma meta tiver sido atingida, outra será priorizada, e assim por diante.
Ao estabelecer um comportamento como meta, é importante organizar tudo de modo a assegurar que a criança tenha uma boa chance de conseguir realizar o que está sendo exigido dela. Ao obter êxito em uma tarefa, a criança sente-se reforçada e competente para continuar tentando. Os progressos devem ser apontados e reforçados, estimulando assim a criança a continuar.
Embora pareça evidente, nem sempre está claro para a criança porque determinado comportamento é esperado dela.

 Ajudar com as Tarefas e Estudo em Casa


Complementando Paulo Mattos (2001) que diz que a criança deve ser estimulada a realizar as tarefas escolares e a estudar em casa. A família pode desempenhar importante papel neste sentido, esclarecendo sobre as consequências de estudar ou não, despertando o interesse e tornando o estudo compatível com as metas da própria criança. Além disso, é importante não cobrar resultados, mas sim desempenho.
Edna Maria Marturano (1999) também conta que quanto mais nova a criança, maior a necessidade de supervisão de suas atividades. Pesquisas afirmam que o progresso na aprendizagem escolar está relacionado à supervisão e à organização das rotinas do lar. Supervisionar inclui verificar se a criança está cumprindo os horários da rotina e orientá-la na execução das tarefas. A criança não pode se sentir abandonada. Embora necessite que o adulto a oriente, é inaceitável que os adultos façam as atividades por ela. Quando os pais fazem os deveres escolares de seus filhos, estes geralmente se sentem incapazes.

 Organizar a rotina


De acordo com Hübner e Marinotti (2000) a rotina se refere aos horários definidos para a realização das diversas atividades que a criança deve cumprir a cada dia. Sua organização supõe a distribuição dos horários para os estudos. Assim, é importante que os horários estejam claramente estabelecidos: hora de ir à escola, de comer, de estudar em casa, de realizar atividades como brincar e assistir à TV etc. A agenda diária e semanal deve estar sempre disponível para ser consultada pela criança: um cartaz grande e colorido em geral é uma boa estratégia.
Os pais devem consultar a criança e, se necessário, os professores, para obter informações sobre as atividades, sua freqüência e duração. Somente com dados claros e precisos poderão compor uma rotina adequada e possível de ser cumprida sem estresse. Os finais de semana também devem ser incluídos na agenda, tomando-se o cuidado para que haja períodos longos em que a criança possa ter liberdade para escolher que atividade realizar.
Uma questão relevante na definição dos horários é que os pais demonstrem que os estudos são uma das atividades prioritárias e o tempo para tal condição deve ser respeitado. A realização das atividades escolares deve vir sempre em primeiro lugar para evitar que a criança a adie para quando estiver cansada. Entretanto, os pais devem permitir que a criança também faça o que gosta (brincar, divertir-se com o computador, praticar esporte etc.), mas tais atividades devem ser deixadas para depois da realização das tarefas escolares (a questão dos direitos e deveres).
Todos os familiares que moram na mesma casa devem se envolver e seguir a rotina favorável para criança: não assistir televisão enquanto a criança estuda; ter horários combinados para estudo, etc.
Problemas de desempenho ou de comportamento na escola são uma das causas mais comuns de estresse para pais e filhos. Em geral, o nível de estresse é diretamente proporcional à frequência de cobranças de intervenção feitas pela escola, ao tipo de acusações, assim como ao acesso ou não a informações concedidas aos pais sobre como proceder. Algumas consequências desse quadro são a esquiva em ir à escola e em envolver-se nas atividades escolares dos filhos.
Segundo Hübner e Marinotti (2000), sem orientação adequada e com pouco tempo, alguns pais acabam usando de práticas coercivas (agressões físicas e castigos) para tentar mudar o comportamento da criança em relação aos estudos. Essas dificuldades, aliadas à baixa frequência de comportamentos infantis reforçados (já que a probabilidade de comportamentos adequados nessa situação pode ser baixa), podem gerar comportamentos infantis de fuga da situação. As crianças, portanto, podem se recusar a ir à escola, podem mentir dizendo que não têm tarefa de casa etc. Os pais, então, tendem a castigá-las por seu comportamento e um novo ciclo se inicia. Nesses casos, as autoras afirmam que mudanças em contingências familiares e suporte pedagógico podem ser necessários.
As crianças aprendem muito rapidamente observando os adultos. Se os pais estabelecem também uma rotina para si, e a cumprem, poderão ajudar seus filhos servindo como modelo de responsabilidade e autocontrole. Além disso, crianças que vêem seus pais lendo ou realizando atividades similares às atividades escolares (ler, escrever, estudar etc.) aprendem que essas são valorizadas pela família e passam a valorizá-las também.
Uma agenda sobrecarregada de atividades é uma condição que dificulta o estabelecimento de uma rotina infantil saudável. Atividades como aula de dança, de inglês, de música, devem ser motivadoras para a criança e não uma carga imposta. Para tanto, os pais devem envolvê-la na escolha de atividades opcionais, incentivá-la e devem participar e respeitar suas escolhas. A criança tem o direito de poder errar ao fazer sua opção, pois o momento de errar é esse; assim ela poderá descobrir o que mais gosta de fazer.

 Proteger e incentivar a independência


Esse não é um limite fácil de ser estabelecido. Há pais que persistem no controle e nas ordens, mesmo quando os filhos já demonstram habilidade para tomar iniciativa para o estudo. Uma opção é ensinar à criança o processo para chegar às respostas. Pais não precisam ser um poço de conhecimento, mas um modelo de responsabilidade (Hübner, 1999).
Dessa forma, é importante aprender a observar a criança, avaliar suas capacidades, suas preferências e seu ritmo, que devem, na medida do possível, ser respeitados. Os pais devem avaliar que atividades são realmente importantes para a criança a fim de organizarem uma agenda que a deixe realmente feliz, sem excessos de obrigações não condizentes com sua idade e interesses.

 Promover um ambiente adequado para estudar


Hübner (1999) explicita que é necessário dispor um ambiente adequado para o estudo, possibilitando um espaço físico sem distrações, com pouco ruído, arejado, iluminado e organizado. Deixar acessível o material necessário para a realização das tarefas escolares, além de demonstrar disponibilidade para consulta ou para pedidos de ajuda em caso de dúvidas. É importante que a harmonia e a tranqüilidade também estejam presentes. Um ambiente caótico não promove a educação.
Para Hübner quando os pais respondem a esses requisitos com boa vontade, criam um ambiente que ajuda a criança a perceber que as tarefas escolares devem ser cumpridas e que o estudo é valorizado.

 Estabelecer interações positivas


O uso de sistemas coercitivos de controle como castigos, retiradas de privilégios, broncas, sermões e humilhação não contribuem para que a criança passe a apresentar um comportamento adequado (por exemplo, ser responsável, realizar as tarefas escolares etc.). Além disso, castigos relacionados a questões escolares contribuem, a médio prazo, para produzir falta de interesse por assuntos da escola (não querer fazer o dever de casa, simular doenças para não ir à escola, não prestar atenção no que está sendo ensinado etc.).
Dessa forma, os pais devem estabelecer condições que propiciem comportamentos considerados relevantes para a educação de seus filhos. A criança não nasce responsável, mas aprende a se comportar responsavelmente.
Hübner (1999) reforça que elogios sinceros, imediatos e contextuais relacionados às respostas da criança aumentam a probabilidade do comportamento de estudar. Portanto, os pais devem elogiar sempre o empenho em qualquer atividade. Qualquer criança precisa de palavras de afirmação e de encorajamento por seu envolvimento nas tarefas.

 Demonstrar afeto


Para Maria Luiza Marinho (2001) a criança precisa sentir que é amada na vitória e na derrota com a mesma intensidade.
Atualmente, fala-se muito em afeto, mas valoriza-se o desempenho (produção e competência). A disciplina e o estabelecimento de limites e de regras só são efetivos quando os pais demonstram amor pelos filhos. Tal demonstração deve ser feita através da organização de um tempo para desenvolver atividades com eles e expressar seu amor por eles, através de atos e palavras. As atividades escolares podem ser uma oportunidade para a demonstração de afeto a que se acrescenta a conscientização da necessidade de trabalhar aspectos cognitivos, afetivos, sociais e físicos. Atualmente, sabe-se que para o desenvolvimento cognitivo é necessário que as demais áreas também se desenvolvam.

 Promover diálogo


Os pais devem estar disponíveis para que a criança tenha liberdade e vontade de procurá-los para conversar e esclarecer dúvidas. Cuidado para que esses momentos não se transformem em monólogos em que os pais apenas questionam, pois isso desestimula a criança. Os pais devem aproveitar esses momentos para também se expressar, contar sobre sua rotina e sua vida, e devem considerar apenas os assuntos de interesse e de capacidade de compreensão da criança. Assuntos de adultos devem ser discutidos com adultos.

 Apresentar nível de exigência compatível com o desempenho da criança


Qualquer pai bem intencionado fica ansioso para que o filho tenha um bom desempenho na escola e cumpra suas expectativas. Altos níveis de exigência podem gerar um grau elevado de frustração e um índice maior de desistência e de perda de interesse. Não se deve pensar só em resultados numéricos, mas em auto-estima, em autoconfiança, em relacionamento interpessoal, em capacidade de relaxar, em momentos para brincar. Se os pais não souberem valorizar essas situações, não saberão como incentivar os filhos.

 Incentivar o brincar


O autor Bomtempo (1997) enfatiza que o dia-a-dia da criança não deve ser transformado num fazer contínuo. Deve haver períodos para brincar livremente e espaço para descontrair e relaxar. O brincar também favorece o bom desempenho escolar (aquisição de habilidades), melhora a concentração e a autoconfiança. A criança que brinca tem menos problemas educacionais e emocionais.

 Ser exemplo no envolvimento com as atividades e interessar-se pela vida do filho


Os pais devem demonstrar interesse pelas atividades da criança não apenas quando as coisas não dão certo (notas baixas, brigas com os colegas, isolamento etc.).
Os exemplos mais eficazes são apresentados através de atos e não de palavras. Os pais podem instruir como modelos.
Skinner (1991) comenta que dizer e mostrar são maneiras de incitar comportamentos, de levar as pessoas a se comportarem de uma dada maneira pela primeira vez, e de modo que se possa reforçar-lhes o comportamento. Comenta que a modelação (aprendizagem através da observação do comportamento de um modelo) é uma forma de ensino e a permanência de seu efeito depende do reforço. Quando ocorrem conseqüências reforçadoras, nós aprendemos.
Para incentivar a leitura, até descobrir o que o filho gosta de ler, pais podem, inicialmente, escolher livros que eles próprios apreciavam quando crianças. O hábito de ler pode ser facilitado com a escolha de um momento, a cada dia, para a leitura conjunta de um livro. Os pais devem demonstrar seu entusiasmo durante a atividade porque a criança vai observar sua atitude na atividade. Deve-se solicitar que a criança também escolha suas leituras e as faça para os pais.

 Estabelecer limites


Crianças devem ser ensinadas a conviver em sociedade e necessitam de normas de conduta claras. Não permitam os pais que elas ditem as regras da casa. Quando têm um tempo disponível para o filho e são afetuosos, os pais têm maior probabilidade de se sentirem seguros e tranqüilos para delimitar tais regras. A criança sem parâmetros fica desafiando os adultos até conseguir ouvir um basta de pais já irritados e exaustos. Nessa situação, os pais tendem a ser muito mais punitivos e severos. A autoridade deve ser exercida sem autoritarismo e a última palavra deve ser sempre dos pais.
Devem, também, ser respeitados os limites físicos, intelectuais, sociais e emocionais da criança. A prática de atividades extracurriculares pode dar oportunidade ao indivíduo de se sentir competente e valorizado e tal condição pode-se generalizar para a escola. A criança que se sente mais competente melhora seu autoconceito e sua auto-estima.
È importante ressaltar que sendo portadora de transtornos, ou não, toda criança necessita de limites.
  
AUTOR: FABÍOLA FERREIRA FLORÊNCIO
http://www.psicopedagogia.com.br

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