O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é
uma síndrome caracterizada por desatenção, hiperatividade e
impulsividade causando prejuízos a si mesmo e aos outros em pelo menos
dois contextos diferentes (geralmente em casa e na escola/trabalho). Entre 3% e 6% das crianças em fase escolar foram diagnosticadas com este transtorno. Entre 30 a 50% dos casos persistem até a idade adulta.
Sua causa, o diagnóstico, sua utilização para justificar mau desempenho
acadêmico e o grande número de tratamentos desnecessários com anfetaminas geram polêmica desde a década de 70. Na Classificação Internacional de Doenças da OMS mais recente (CID-10) é classificado como um Transtorno Hipercinético.
Critérios Diagnósticos (CID-10 F90)
Para se diagnosticar um caso de TDAH é necessário que o indivíduo em questão apresente pelo menos seis dos sintomas de desatenção e/ou seis
dos sintomas de hiperatividade; além disso os sintomas devem
manifestar-se em pelo menos dois ambientes diferentes e por um período
superior a seis meses.
Com predomínio de desatenção
Caso seis (ou mais) dos seguintes sintomas de desatenção persistiram por pelo menos 6 meses, em grau mal-adaptativo e inconsistente com o nível de desenvolvimento:- Frequentemente deixa de prestar atenção a detalhes ou comete erros por descuido em atividades escolares, de trabalho entre outras.
- Com frequência tem dificuldades para manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas.
- Com frequência parece não escutar quando lhe dirigem a palavra.
- Com frequência não segue instruções e não termina seus deveres escolares, tarefas domésticas ou deveres profissionais (não devido a comportamento de oposição ou incapacidade de compreender instruções).
- Com frequência tem dificuldade para organizar tarefas e atividades.
- Com frequência evita antipatiza ou reluta a envolver-se em tarefas que exijam esforço mental constante. (como tarefas escolares ou deveres de casa)
- Com frequência perde coisas necessárias para tarefas ou atividades (por ex., brinquedos, tarefas escolares, lápis, livros ou outros materiais)
- É facilmente distraído por estímulos alheios à tarefa
- Com frequência apresenta esquecimento em atividades diária
Com predomínio de Hiperatividade e Impulsividade
Caso seis (ou mais) dos seguintes sintomas de hiperatividade persistiram por pelo menos 6 meses, em grau mal-adaptativo e inconsistente com o nível de desenvolvimento:- Hiperatividade
- Frequentemente agita as mãos ou os pés
- Frequentemente abandona sua cadeira em sala de aula ou outras situações nas quais se espera que permaneça sentado
- Frequentemente corre ou escala em demasia, em situações nas quais isto é inapropriado (em adolescentes e adultos, pode estar limitado a sensações subjetivas de inquietação)
- Com frequência tem dificuldade para brincar ou se envolver silenciosamente em atividades de lazer
- Está frequentemente "a mil" ou muitas vezes age como se estivesse "a todo vapor"
- Frequentemente fala em demasia
- Impulsividade
- Freqüentemente dá respostas precipitadas antes de as perguntas terem sido completadas
- Com frequência tem dificuldade para aguardar sua vez
- Frequentemente interrompe ou se mete em assuntos de outros (por ex., intromete-se em conversas ou brincadeiras)
Os dois lados de uma síndrome
- Diferenciais
- Têm muitos talentos criativos, que geralmente não aparecem até que o TDAH seja tratado.
- Demonstram ter pensamento original, "fora da caixa".
- Tendem a adotar um jeito diferente de encarar a própria vida. Costumam ser imprevisíveis na maneira como abordam diferentes assuntos.
- Persistência e resiliência são suas características marcantes - mas, cuidado, às vezes podem parecer cabeças-duras.
- São geralmente muito afetivos e de comportamento generoso.
- São altamente intuitivos.
- Com frequência, demonstram ter uma inteligência acima da média.
- Foca-se em apenas uma área para se concentrar, geralmente algo que o agrade (ex: computador, video-game, etc.)
- Problemas
- Grande dificuldade para transformar suas grandes idéias em ação verdadeira.
- Problemas para se fazer entender ou explicar seus pontos de vista.
- Falta crônica de iniciativa.
- Humor volúvel, da raiva para a tristeza rapidamente.
- Pouca ou nenhuma tolerância à frustração.
- Problemas com organização e gerenciamento do tempo.
- Necessidade incessante de adrenalina. Inconscientemente, podem provocar conflitos apenas para satisfazer essa necessidade de estímulo.
- Tendência ao isolamento e busca por atividades solitárias.
- Raramente conseguem aprender com os próprios erros.
Quem pode diagnosticar TDAH
O diagnóstico de TDAH é fundamentalmente clínico, realizado por
profissional que conheça profundamente o assunto, que necessariamente
deve descartar outras doenças e transtornos, para então indicar o melhor
tratamento. O termo hiperatividade tem sido popularizado e muitas crianças rotuladas
erroneamente. É preciso cuidado ao se caracterizar uma criança como
portadora de TDAH. Somente um médico (preferencialmente psiquiatra),
juntamente com psicólogo ou terapeuta ocupacional especializados, podem
confirmar a suspeita de outros profissionais de áreas afins, como
fonoaudiólogos, educadores ou psicopedagogos, que devem encaminhar a
criança para o devido diagnóstico. Existem testes e questionários que
auxiliam o diagnóstico clínico. Hoje já se sabe que a área do cérebro envolvida nesse processo é a região orbital frontal (parte da frente do cérebro) responsável pela inibição do comportamento, pela atenção sustentada,
pelo autocontrole e pelo planejamento para o futuro. Entretanto, é
importante frisar que o cérebro deve ser visto como um órgão cujas
partes apresentam grande interligação, fazendo com que outras áreas que
possuam conexão com a região frontal possam não estar funcionando
adequadamente, levando aos sintomas semelhantes aos de TDAH. Os neurotransmissores que parecem estar deficitários em quantidade ou funcionamento, em indivíduos com TDAH, são basicamente a dopamina e a noradrenalina, que precisam ser estimuladas através de medicações.
Algumas pessoas precisam tomar estimulantes como forma de amenizar os sintomas
de déficit de atenção/hiperatividade, entretanto nem todas respondem
positivamente ao tratamento. É importante que seja avaliada
criteriosamente a utilização de medicamentos em função dos efeitos colaterais
que os mesmos possuem. Em alguns casos, não apresentam nenhuma melhora
significativa, não se justificando o uso dos mesmos. A duração da
administração de um medicamento também é decorrente das respostas dadas
ao uso e de cada caso em si.
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