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segunda-feira, 25 de março de 2013

Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é uma síndrome caracterizada por desatenção, hiperatividade e impulsividade causando prejuízos a si mesmo e aos outros em pelo menos dois contextos diferentes (geralmente em casa e na escola/trabalho). Entre 3% e 6% das crianças em fase escolar foram diagnosticadas com este transtorno. Entre 30 a 50% dos casos persistem até a idade adulta. Sua causa, o diagnóstico, sua utilização para justificar mau desempenho acadêmico e o grande número de tratamentos desnecessários com anfetaminas geram polêmica desde a década de 70. Na Classificação Internacional de Doenças da OMS mais recente (CID-10) é classificado como um Transtorno Hipercinético.

Critérios Diagnósticos (CID-10 F90)

Para se diagnosticar um caso de TDAH é necessário que o indivíduo em questão apresente pelo menos seis dos sintomas de desatenção e/ou seis dos sintomas de hiperatividade; além disso os sintomas devem manifestar-se em pelo menos dois ambientes diferentes e por um período superior a seis meses.

Com predomínio de desatenção

Caso seis (ou mais) dos seguintes sintomas de desatenção persistiram por pelo menos 6 meses, em grau mal-adaptativo e inconsistente com o nível de desenvolvimento:
  1. Frequentemente deixa de prestar atenção a detalhes ou comete erros por descuido em atividades escolares, de trabalho entre outras.
  2. Com frequência tem dificuldades para manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas.
  3. Com frequência parece não escutar quando lhe dirigem a palavra.
  4. Com frequência não segue instruções e não termina seus deveres escolares, tarefas domésticas ou deveres profissionais (não devido a comportamento de oposição ou incapacidade de compreender instruções).
  5. Com frequência tem dificuldade para organizar tarefas e atividades.
  6. Com frequência evita antipatiza ou reluta a envolver-se em tarefas que exijam esforço mental constante. (como tarefas escolares ou deveres de casa)
  7. Com frequência perde coisas necessárias para tarefas ou atividades (por ex., brinquedos, tarefas escolares, lápis, livros ou outros materiais)
  8. É facilmente distraído por estímulos alheios à tarefa
  9. Com frequência apresenta esquecimento em atividades diária

Com predomínio de Hiperatividade e Impulsividade

Caso seis (ou mais) dos seguintes sintomas de hiperatividade persistiram por pelo menos 6 meses, em grau mal-adaptativo e inconsistente com o nível de desenvolvimento:
Hiperatividade
  1. Frequentemente agita as mãos ou os pés
  2. Frequentemente abandona sua cadeira em sala de aula ou outras situações nas quais se espera que permaneça sentado
  3. Frequentemente corre ou escala em demasia, em situações nas quais isto é inapropriado (em adolescentes e adultos, pode estar limitado a sensações subjetivas de inquietação)
  4. Com frequência tem dificuldade para brincar ou se envolver silenciosamente em atividades de lazer
  5. Está frequentemente "a mil" ou muitas vezes age como se estivesse "a todo vapor"
  6. Frequentemente fala em demasia
Impulsividade
  1. Freqüentemente dá respostas precipitadas antes de as perguntas terem sido completadas
  2. Com frequência tem dificuldade para aguardar sua vez
  3. Frequentemente interrompe ou se mete em assuntos de outros (por ex., intromete-se em conversas ou brincadeiras)

Os dois lados de uma síndrome

Diferenciais
  1. Têm muitos talentos criativos, que geralmente não aparecem até que o TDAH seja tratado.
  2. Demonstram ter pensamento original, "fora da caixa".
  3. Tendem a adotar um jeito diferente de encarar a própria vida. Costumam ser imprevisíveis na maneira como abordam diferentes assuntos.
  4. Persistência e resiliência são suas características marcantes - mas, cuidado, às vezes podem parecer cabeças-duras.
  5. São geralmente muito afetivos e de comportamento generoso.
  6. São altamente intuitivos.
  7. Com frequência, demonstram ter uma inteligência acima da média.
  8. Foca-se em apenas uma área para se concentrar, geralmente algo que o agrade (ex: computador, video-game, etc.)
Problemas
  1. Grande dificuldade para transformar suas grandes idéias em ação verdadeira.
  2. Problemas para se fazer entender ou explicar seus pontos de vista.
  3. Falta crônica de iniciativa.
  4. Humor volúvel, da raiva para a tristeza rapidamente.
  5. Pouca ou nenhuma tolerância à frustração.
  6. Problemas com organização e gerenciamento do tempo.
  7. Necessidade incessante de adrenalina. Inconscientemente, podem provocar conflitos apenas para satisfazer essa necessidade de estímulo.
  8. Tendência ao isolamento e busca por atividades solitárias.
  9. Raramente conseguem aprender com os próprios erros.

Quem pode diagnosticar TDAH

O diagnóstico de TDAH é fundamentalmente clínico, realizado por profissional que conheça profundamente o assunto, que necessariamente deve descartar outras doenças e transtornos, para então indicar o melhor tratamento. O termo hiperatividade tem sido popularizado e muitas crianças rotuladas erroneamente. É preciso cuidado ao se caracterizar uma criança como portadora de TDAH. Somente um médico (preferencialmente psiquiatra), juntamente com psicólogo ou terapeuta ocupacional especializados, podem confirmar a suspeita de outros profissionais de áreas afins, como fonoaudiólogos, educadores ou psicopedagogos, que devem encaminhar a criança para o devido diagnóstico. Existem testes e questionários que auxiliam o diagnóstico clínico. Hoje já se sabe que a área do cérebro envolvida nesse processo é a região orbital frontal (parte da frente do cérebro) responsável pela inibição do comportamento, pela atenção sustentada, pelo autocontrole e pelo planejamento para o futuro. Entretanto, é importante frisar que o cérebro deve ser visto como um órgão cujas partes apresentam grande interligação, fazendo com que outras áreas que possuam conexão com a região frontal possam não estar funcionando adequadamente, levando aos sintomas semelhantes aos de TDAH. Os neurotransmissores que parecem estar deficitários em quantidade ou funcionamento, em indivíduos com TDAH, são basicamente a dopamina e a noradrenalina, que precisam ser estimuladas através de medicações.
Algumas pessoas precisam tomar estimulantes como forma de amenizar os sintomas de déficit de atenção/hiperatividade, entretanto nem todas respondem positivamente ao tratamento. É importante que seja avaliada criteriosamente a utilização de medicamentos em função dos efeitos colaterais que os mesmos possuem. Em alguns casos, não apresentam nenhuma melhora significativa, não se justificando o uso dos mesmos. A duração da administração de um medicamento também é decorrente das respostas dadas ao uso e de cada caso em si.

 

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