tiaemptylidiane

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

A ALFABETIZAÇÃO - 1º E 2º ANO

O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DA ESCRITA SEGUNDO EMÍLIA FERREIRO:

Quem é Emília Ferreiro?                    
É uma pesquisadora argentina radicada no México, essa autora revolucionou o conhecimento que se tinha sobre alfabetização quando publicou, em 1979 (no Brasil em 1985), juntamente com Ana Teberosky, suas pesquisas no llivro PSICOGÊNESE DA LÍNGUA ESCRITA.
Como discípula de Piaget, ao estudar as formas pelas quais as crianças constroem sua escrita, Ferreiro colocou como motor dessa aprendizagem o próprio sujeito/aluno, ativo e inteligente, conforme Piaget destaca em sua obras.
A proposta de Ferreiro foi surpreendente: ela descobriu na sua pesquisa que as crianças passam por níveis conceituais diferentes e seqüenciais ao aprender a escrever. Essa concepção fez com que os conceitos de construção da escrita e do erro fossem alterados.
Abaixo destacaremos os NÍVEIS encontrados por Ferreiro:


·        Nível pré-silábico
Nesse nível, a escrita da criança não tem correspondência com o som. Ela registra garatujas, desenhos sem configuração e, mais tarde, desenhos com figuração. Na sequência registra símbolos e pseudoletras (traçado que reflete seu modo particular de escrever: bolinhas, risquinhos e etc.) misturadas com letras e números. No final desta fase, começa a diferenciar letras de números, desenhos de símbolos e reconhece o papel das letras na escrita. Percebe que as letras servem para escrever, mas não sabe como isso ocorre. A palavra “ABACAXI” pode ser escrita assim: “AIUNOAXF”.
·        Nível silábico
Ao escrever, a criança conta os “pedaços sonoros” – as sílabas das palavras e das frases – e usam uma letra para representar cada sílaba. As letras podem ou não ter valor sonoro. Por exemplo, a criança pode escrever “BONECA” como sendo “BNC” ou mesmo “OEA” (nesse caso com valor sonoro correspondente) ou, ainda, “FGR” (uma letra para cada sílaba sonora, mas sem correspondência com o som convencional). A criança escreve somente com vogais e consoantes, mas sempre com uma representação (letra) para cada sílaba ou frase. 
·        Nível silábico alfabético
A certeza do nível silábico é quebrada quando a criança compara escritas ou percebe que os adultos não conseguem ler o que ela escreve. Ela, então, avança para outra fase, na qual o valor sonoro torna-se fundamental, e começa a acrescentar letras principalmente na primeira sílaba. A palavra “BONECA”, por exemplo, é escrita assim: “BONC”, e não mais “BNC” (escrita silábica). Nesse momento, a criança encontra-se perto da escrita alfabética, e quanto mais refletir, escrever e comparar suas escritas, cada vez mais irá se aproximar do último nível.


·        Nível alfabético
A criança agora consegue ler e expressar graficamente o que pensa ou fala. Porém, escreve foneticamente (ou seja, faz a relação entre o som e a letra) e ainda não consegue escrever ortograficamente. Por isso, são comuns palavras escritas com pequenos erros, como em “IPOPÓTAMO” (hipopótamo), portanto os erros não passam de meras fases de superação neste caminho da alfabetização e não devem ser “ENCARADOS” COMO ERROS.

Ao realizarmos uma correção na escrita de uma criança, não assinalamos X, como era feito até algum tempo atrás, pois aquilo que ela “errou” naquele momento será superado num outro momento e corrigido posteriormente, por isso destacamos o “erro” com um traço abaixo dele, e isso não significa que a escrita está errada e sim têm dificuldades a serem superadas presentes na grafia da palavra (ortografia).


Ninguém aprende a ler e a escrever se não aprender as relações entre fonemas e grafemas – para codificar e para decodificar. Isso é uma parte específica do processo de aprender a ler e escrever. Linguisticamente, ler e escrever são aprender a codificar e a decodificar, portanto a criança quando na fase alfabética, precisa receber orientação direcionada sobre as técnicas da escrita, dos sistemas convencionados usados para escrever e das regras ortográficas vigentes.
Esperamos ter esclarecido com este texto as possíveis dúvidas e saciado a ansiedade daqueles que aguardam pelo momento que o filho desenvolverá a escrita.
A UNESCO considera alfabetizado a pessoa capaz de ler e escrever pelo menos um bilhete simples no idioma que conhece. Embora não esteja convencionado o que é um bilhete simples, essa alfabetização nos remete à certeza de que, na sociedade contemporânea, para considerarmos alguém alfabetizado, é preciso que essa pessoa saiba ler, escrever e interpretar, ou seja, que compreenda o que lê que possa opinar sobre o assunto, que possa utilizar a linguagem escrita como forma de comunicação para viver melhor.
Com isso concluímos que nosso objetivo maior não é ensinar nossos alunos a dominar técnicas mecânicas de leitura e escrita e sim ensiná-los a entender/compreender o que escreverão para que possam comunicar-se perfeitamente de maneira gráfica tornando-se assim seres letrados.

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