Por Içami Tiba
Ser
pai nos dias de hoje não é fácil. O mundo está cheio de opções, e até
tarefas aparentemente simples, como escolher um tênis para presentear o
filho, são complexas. Trinta anos atrás existiam apenas cinco marcas.
Hoje são dezenas. Na hora de comprar o calçado, o pai precisará avaliar
se ele será usado para correr, para andar no mato, para sair à noite ou
para jogar basquete. Precisa lembrar se o filho pisa com o joelho virado
para dentro ou para fora, se a perna de impulsão é a direita ou a
esquerda. Esse enorme leque de opções se repete no processo de educação e
formação do adolescente. Os pais têm de enfrentar desde a escolha do
modelo de escola ideal até o dilema de deixar ou não a namorada dormir
no quarto dele. A boa educação, hoje, implica ter posição formada sobre
cada um desses assuntos. As variáveis são tantas que os pais precisam
ser extremamente cuidadosos para que a postura adotada com relação a um
aspecto da vida do jovem não entre em contradição com a adotada em
outro. Nesse ponto, a conduta no que se refere aos filhos é como um
bambu. Ele pode ser vergado para cá e para lá ao sabor das mudanças -
mas não pode ser quebrado a toda hora.
Um
aspecto crucial na educação é a autoridade. Muitos pais temem perder o
amor dos filhos se forem firmes nas regras e nas cobranças. Todo mundo
sabe que adolescente contrariado é encrenca na certa. Como uma criança
birrenta, ele reclama, briga e faz escândalo, dentro de uma escala
proporcional a seu tamanho. Nesse ponto os pais não podem ceder.
Precisam estar conscientes de que, como todo mundo, os jovens não dão
afeto a pessoas que não respeitam. Se os pais forem omissos e ficarem
quietos por medo de perder o amor do filho, correm o risco de se ver
menosprezados e ignorados. Aí o afeto e a cumplicidade que eles queriam
preservar acabam se esvaindo completamente. Um pai ou uma mãe que engole
os próprios princípios e se cala a cada malcriação dá um atestado de
que não se respeita e os filhos entendem isso como um sinal para que não
o respeitem também. Engolir sapo significa deseducar com grande
probabilidade de estar criando um pequeno tirano dentro de casa.Exercer
autoridade de pai e de mãe exige sabedoria. Os limites precisam ser
sempre colocados em função de algo e exercidos visando ao bem-estar de
toda a família. Necessitam estar a serviço da qualidade de vida e da
educação do filho. Nunca de um capricho. Muitos pais acreditam que dar o
bom exemplo é suficiente, o que não é verdade. Sem uma determinação
clara, os filhos não o perceberão e não o seguirão. No outro extremo,
abusar de proibições e punições por si só também não funciona. Os filhos
precisam aprender, e cabe aos pais ensinar. Se um filho não quer
estudar, não adianta nada os pais se valerem de seu poder, trancá-lo no
quarto e obrigá-lo a sair com a matéria decorada. O adolescente não vai
estudar e pronto. Por outro lado, os pais podem negociar e dizer que ele
vai poder sair, fazer o que quiser, desde que lhes explique o assunto
que precisa estudar com suas próprias palavras. Ele terá então estimulo
para se debruçar sobre os livros e até se abrirá um canal para que
esclareça dúvidas com a ajuda dos pais. Muitas vezes o jovem não estuda
simplesmente porque não entende a matéria. Esse é um bom exemplo em que a
autoridade estaria sendo usada para a evolução do filho. A maioria dos
pais, quando exerce autoridade, simplesmente proíbe o que o filho gosta
de fazer. Na verdade, eles deveriam reorientar momentaneamente a energia
que o adolescente gastaria numa atividade para outra. Sempre é possível
mudar para melhor. O filho pode ser o folgado que se apóia no sufocado.
Nesse caso, a mudança tem de vir do sufocado, pois, se estiver bom para
o folgado, ele irá querer ficar nessa posição para todo o sempre, amém!
O ser humano é o único que pode mudar sua história, pois tem inteligência e criatividade. Basta acrescentar a motivação.
Fonte: http://www.colegiotransformacao.com.br
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